O tempo passou e e com ele apenas as memórias ficaram da Sónia. Encontrei-a no outro dia no Colombo a passear com o filho. Ela não me viu. Mas eu apreciei-a a cada passo que dava. Os meus olhos encheram-se de lágrimas por saber que ela não me procurou mais. Não cedi e fiquei no meu canto com o meu orgulho ferido. O meu coração palpitava intensamente e até a garganta ficara diminuída com tamanha emoção. Nunca saberei o verdadeiro motivo dela ter ido embora.
Durante este momento intenso, o Sérgio sentou-se à minha frente. Nem me apercebi.
- Então? Que cara essa meu? - meio sorridente, meio sério, o Sérgio era um rapaz baixo, cabelo castanho, com uma aparência pouco cuidada mas duma caridade enorme.
- Fraquejei, meu! Aquela gaja deu cabo de mim.
- Qual gaja?
Com o olhar apontei em direcção à Sónia. Lá estava a cuidar do filho.
- Eishh... Estás a falar sério? Deus... Mas aquilo é uma bomba, meu! - Era notório a estupfecção do Sérgio ao apreciar a Sónia. Limitei-me a concordar com ele. Ela era uma bomba que acabou por me rebentar nas mãos e atingiu-me o coração. Conseguiu ser diferente de todas. E atingiu-me bem fundo.
Saí dali porque me incomodava vê-la. Não que o afastamento me causasse algum conforto, mas estacanva-me o sofrimento. Fomos até ao Terreiro do Paço, à esplanada. Estava calor nessa noite e ficamos a beber uns copos.
Passados umas horas, e depois duma longa conversa com o Sérgio, apareceram umas conhecidas dele por mero acaso. Sentaram-se ao pé de nós e ficaram também a desfrutar daquela amena cavaqueira.
- Apetece-me dançar. Já não estão cansados de estar aqui? - uma das amigas do Sérgio, levantou-se e começou a pensar em sítios para irmos dançar. Depois de algumas negociações entre todos, e dum consenso arrancado a ferros, lá fomos todos até ao Lust que era ali perto.
Não estava com a mínima vontade para estar numa discoteca. Apetecia-me descansar a cabeça. Mas por outro lado, há algum tempo que não me distraía. Alinhei naquela "excursão" nocturna.
Já dentro do Lust, e depois de estar há algum tempo a dançar, reparo que uma miúda do grupo olhava na minha direcção. Só podia ser para mim que ela olhava pois eu estava num canto quieto a beber o meu gin. Fitei-a com um olhar cerrado, com a sobrecelha meio levantada, enquanto bebia. Ela não cedeu um milímetro se quer e manteve-se firme. Veio na minha direcção, dançando, enquanto eu, quieto, apreciava-a.
Naquele momento tocava o "So many times - Gadjo" e aquela música pareceu ter sido escolhida de prepósito. Veio para ao pé de mim e entrelaçou-se em mim como uma serpente, dançado e roçando-se em mim, num gesto de sedução dum ritual de acasalamento. Aquele seu perfume ativou-me os sentidos todos. Aquela miúda era cheia de energia, determinada e segura de si. Intimidou-me até certo ponto. Pois para a idade que aparentava ter, era muito sabida. Ainda assim não cedi à tentação apesar de estar com uma tesão enorme e de querer senti-la naquele momento.
Subtilmente perguntei-lhe que idade tinha.
- 19 .... Gostas? - Tremi quando ela disse a idade dela. Pensei que tinha 24. Aquilo não me estava a acontecer. Fodasse que loucura do caraças. Mas para quê que me meto nestas merdas???
- Sai daqui. Por favor! - pedi-lhe gentilmente que saísse dali. Não queria querer o risco de ser apanahado a fazer alguma coisa e depois ser acusado de algo. Quem me diz que tem 19 anos? Pode até ter menos. Mas era tão... Louca, aquela miúda.
Saí dali rapidamente e fui embora.
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