12 de maio de 2013

Sweet Angel

Depois das minhas loucas férias, voltei ao trabalho. Reparei que há uma nova publicitária a trabalhar comigo que é extremamente atraente. Chamei o responsável pelos recursos humanos e perguntei-lhe quem era aquela pessoa. Ele dissera-me que era a Inês e que fora contratada por ser necessária uma pessoa na parte da criatividade da empresa. Falou-me que o seu desempenho até agora tinha sido satisfatório. Pedi-lhe que a chamasse ao meu gabinete.

(batem à porta)

- Entre!

- Chamou-me, Dr Pedro? - Pergunta-me numa voz rouca mas meiga. 

- Sim. Sente-se por favor. Como se sente aqui?


Para primeira impressão, fiquei impressionado com a espontaneidade da Inês e pelo seu grau de loucura ao arriscar dizer aquilo a um superior. Cativou-me.  E assim foi. Passado três dias, numa quinta-feira à noite, fui buscar a Inês à porta da sua casa e fomos ao evento no Chiado. No dia a dia, a Inês era linda mas em ocasiões especiais, tornava-se bela. Tinha glamour e muito charme. Diria que espalhava magia e as mulheres ao seu redor invejavam-na. 

- Sinto-me bem, gosto do que vejo até ao momento. 

- Está preparada para bons projectos  - Apreciava o seu ar descontraído, morenas, estilo rapariga da praia. 

- Sim, estou. Gosto de pressão e cumprir objectivos. - Ela parecia-me empenhada.

- Oh, Inês.. uma palavra para se definir!

Ela ficou muito pensativa e incomodada mas tinha gostado do desafio que lhe lancei.

- Louca! - Sinceramente não estava espera mas confesso que me despertou curiosidade na resposta.

- Ok. Pode ir trabalhar. Seja bem vinda. 

- Muito obrigado, Dr Pedro.

- Pedro, apenas. Está bem? - e saiu à minha frente, sorrindo. 

Aquele seu estilo descontraído com uma cara linda e saudável, com uma voz sensualmente rouca, rapidamente me puseram os pensamentos em acção.

Não queria ter qualquer relacionamento ali dentro por uma questão de ética. Apesar do poder atrair imensas mulheres e de já ter algumas quantas aqui dentro que quiseram mostrar-se mais "competentes" que o que lhes compete, o certo é que nunca me aventurei por esses campos porque não quero dar azo a conversas. Mas a Inês, tinha algo de diferente.

Fazia-me lembrar a primeira mulher com que quem namorei durante três anos. Era a Cristina. Além de bonita, era uma bomba sexual. Estávamos sempre activos em todo o lado, a toda a hora, em qualquer momento. Infelizmente não terminou da melhor maneira pois eu tinha um temperamento muito intempestivo, era muito bruto com ela e confesso que fui o culpado de termos terminado a relação. Hoje, mais maturo, e passados 15 anos, confesso que tinha gerido as coisas duma outra forma.

Fui convidado para uma festa de lançamento de um livro de um escritor. Nunca ouvi falar dele mas pelas opiniões que ouvi de pessoas entendidas na matéria, o profissional em causa desempenha bem as suas funções. Aceitei o convite e fui prepara-me para o evento. Como tinha de levar alguém do sexo oposto, as minhas hipóteses eram muito reduzidas, já que socialmente sou pouco activo e as pessoas com que me dei nos últimos tempos, digamos que não podiam aparecer neste evento. 


Pensei na Inês. Apesar de mal a conhecer, achei uma boa oportunidade para desenvolvermos um conhecimento mútuo. Seria a minha hipótese também de perceber como reagiria a Inês neste tipo de situações. Decidi ligar-lhe.

- Estou, Inês?

- Siiiimmm. - Atendeu-me com uma voz desconfiada mas querida.

- É o Pedro, da Vicent Ad. Tudo bem? Estou a incomodá-la?

- Ah. Pedro. Como está? De modo algum, diga. Posso ajudar.

- Bom, ajudar talvez mas não sei se aceitará.

- Ai é? Então?

- Recebi um convite para o lançamento de um livro de um escritor que confesso que nem sei o nome e como o convite é duplo lembrei-me de si. Aceita?

- Ahhh. Mas.. Porquê eu? - percebi que ficara comprometida e não quis de modo algum que pensasse coisas a meu respeito.

- Aceita ou não aceita?

- Sim.. Pode ser - Ela ficou hesitante com a minha pergunta.

- Pode ser, não é resposta. Sim ou não. Qual vai escolher? Não tenha receio. Vai-se divertir - procurei acalmá-la para que percebesse que não estava com duplas intenções.

- Sim, Pedro. Vamos os dois.


Eu estava radiante por ela ter aceite o convite e por estar deslumbrante. Fez-me sentir confiante perante os restantes convidados. A festa estava engraçada e o livro nem tinha qualquer interesse. Valeu apenas pelo convívio que tivemos.

- Desculpe tê-la arrastado para este evento. Quem comprar aquele livro, deveria ter vergonha. - Procurei criar conversa enquanto íamos para sua casa.

- Oh.. Eu gostei. Foi giro. Também achei que o livro não vai ter muito sucesso. - Ria-se com alegria ao dizer-me aquilo.
- Nem me diga nada. Bom, quero-lhe agradecer pelo facto de ter aceite o convite. Além de ter estado deslumbrante, foi sem dúvida uma óptima companhia. - Ela limitou-se a sorrir, num jeito corado. O seu sorriso era tão bonito, tão puro e tão sedutor ao mesmo tempo. 

- Obrigado, Pedro. Eu também gostei da sua companhia. Pensei que fosse mais severo, sei lá. Mas não. Foi bastante atencioso e procurou-me sempre por-me à vontade. Gostei mesmo.

- Ainda bem, Inês. - Afinal, não tinha corrido tão mal como tinha pensado. Ou será que me estava a mentir? Também não saberei de forma alguma.

Já na porta da sua casa, ainda ficámos a falar sobre algumas coisas desde ao trabalho, gostos pessoais entre outros assuntos e ao despedir-mo-nos, suavemente beijei-lhe o canto da boca ao de leve. Não fiz de propósito mas percebi que ela tinha ficado constrangida e rapidamente pedi-lhe desculpas. Ela aceitou e saiu sem dizer mais nada.

Fiquei a pensar se ele tinha percebido que fora acidental aquele beijo pois não quis de forma alguma abusar da sua confiança. Bom, amanhã falo com ela. 

No dia seguinte, fui até à sua secretária com uma caixa de chocolates pedir-lhe desculpas. Ela olhou-me nos olhos e disse:

- O que é isto? 

- Quero-lhe pedir desculpas porque ontem não tive qualquer intenção de...

- Dê cá os chocolates e não pense nisso que eu também não. - E riu-se. Fiquei aliviado porque o seu comportamento pôs-me inquietante.

No meu gabinete  só pensava na Inês e como aquela mulher me invadia o pensamento. Estive tentado a mudá-la de lugar para estar mais perto de mim para a ver mas achei que seria bastante autoritário da minha parte e invasivo para ela. 
Mas confesso que estava desejoso de lhe beijar os lábios sedosos que tinha e de lhe olhar de forma penetrante nos seus olhos doces. Ela tinha uma pele que me encantava aliada a um perfume que me baralhava o pensamento. Tudo isto misturado com um toque de beleza natural e um glamour indiscreto que só eu via. Eu tinha-a de sentir. Mas queria que fosse mútuo.




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