27 de abril de 2013

Me, myself and I

Hoje, ao acordar, a primeira coisa que me invadiu o pensamento foram as memórias da minha infância. Não sei porquê. Recordo-me de alguns momentos de quando era bebé.  

Lembro-me da cara da minha mãe imensas vezes.

Foi-me difícil crescer sem a sua presença. O meu pai quase nunca estava presente, porque viajava bastante e os meus colegas na escola tinham sempre alguém que os iam buscar, ao contrário de mim. Era gozado por ser diferente e acredito que a minha maneira de ser hoje, derive desses maus momentos.

Quando tinha 14 ou 15 anos era muitp revoltado com a vida. Só fazia porcaria e nem às aulas ia. Gostava de me sentir o bad boy da turma. Sentava-me nas últimas mesas da sala, fui expulso algumas vezes da sala por comportamentos menos próprios. Oh meu Deus, só fazia merda. Hoje, não me orgulho disso porque não gostava que o meu filho seguisse o meu caminho. Eu fui assim talvez porque não tive ninguém que me acompanhasse. Ou se calhar estou a arranjar desculpas para o caminho que fiz.

A pior fase foi quando decidi consumir. Recordo-me da Bá, a minha "mãe", que era a empregada da nossa casa, andar super angustiada. Parte-me o coração ter a noção do sofrimento que lhe causei. Fazia tudo por mim. Costumava dizer que era o filho que ela nunca teve.

A cicatriz que tenho no antebraço fui duma luta que tive em que fui parar ao hospital por não ter pago uma dívida. Foram tempos horrorosos e muito sombrios. Sofri bastante, quando aos 22 anos, fui internado numa clínica de reabilitação. Fodasse, as pessoas nem sonham o quanto custa aquela merda.

Depois de quase dez anos sem rumo, decidi ir estudar para a faculdade. Quis ser tudo e acabei por ser nada porque só escolhia cursos que não me cativavam. É preciso muito para me prender à atenção. Mas havia algo que me cativava na moda e na fotografia.

Mudei de vida e fui trabalhar. Comecei como empregado no Mac e surgiu a primeira hipótese de realizar uns trabalhos para a Marlboro. Queriam encontrar um novo James Dean e como os traços da minha cara, o formato dos meus olhos e o corpo eram semelhantes, escolheram-me para uma campanha.

Durante algum tempo consegui ganhar alguns trabalhos e juntar alguns rendimentos. A meio deste percurso, já mais maturo, sabia que iria ter algo meu. Foi uma ambição minha conquistar algo com o meu esforço sem precisar que o meu pai me desse qualquer ajuda financeira. Ter construído a minha empresa é algo de que me orgulho. 

No fundo acho que sou como o meu pai mas esta ideia incomoda-me. 

Hoje estou nostálgico mas amanhã será outro dia


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