
Lembro-me da cara da minha mãe imensas vezes.
Foi-me difícil crescer sem a sua presença. O meu pai quase nunca estava presente, porque viajava bastante e os meus colegas na escola tinham sempre alguém que os iam buscar, ao contrário de mim. Era gozado por ser diferente e acredito que a minha maneira de ser hoje, derive desses maus momentos.

A pior fase foi quando decidi consumir. Recordo-me da Bá, a minha "mãe", que era a empregada da nossa casa, andar super angustiada. Parte-me o coração ter a noção do sofrimento que lhe causei. Fazia tudo por mim. Costumava dizer que era o filho que ela nunca teve.
A cicatriz que tenho no antebraço fui duma luta que tive em que fui parar ao hospital por não ter pago uma dívida. Foram tempos horrorosos e muito sombrios. Sofri bastante, quando aos 22 anos, fui internado numa clínica de reabilitação. Fodasse, as pessoas nem sonham o quanto custa aquela merda.

Mudei de vida e fui trabalhar. Comecei como empregado no Mac e surgiu a primeira hipótese de realizar uns trabalhos para a Marlboro. Queriam encontrar um novo James Dean e como os traços da minha cara, o formato dos meus olhos e o corpo eram semelhantes, escolheram-me para uma campanha.
Durante algum tempo consegui ganhar alguns trabalhos e juntar alguns rendimentos. A meio deste percurso, já mais maturo, sabia que iria ter algo meu. Foi uma ambição minha conquistar algo com o meu esforço sem precisar que o meu pai me desse qualquer ajuda financeira. Ter construído a minha empresa é algo de que me orgulho.
No fundo acho que sou como o meu pai mas esta ideia incomoda-me.
No fundo acho que sou como o meu pai mas esta ideia incomoda-me.
Hoje estou nostálgico mas amanhã será outro dia
Sem comentários:
Enviar um comentário